domingo, 8 de agosto de 2010

Manifesto "A conscientização política dos umbandistas e dos cidadãos brasileiros"



Por Pai Rivas
Aos irmãos planetários,
À Sociedade Civil como um todo,
Aos irmãos das Religiões Afro-brasileiras,

Por meios deste manifesto gostaríamos de promover uma ampla mobilização da
sociedade civil para o seguinte tema: A conscientização política dos
umbandistas e dos cidadãos brasileiros.

A Faculdade de Teologia Umbandista (FTU), primeira e única faculdade de
teologia afro-brasileira autorizada e credenciada pelo MEC (Ministério da
Educação) pela portaria 3864 de 18 de dezembro de 2003, fundada por nós e
na qual somos reitor, além de sacerdote das religiões Afro-brasileiras há
mais de quatro décadas, propugna que a sociedade possui 5 eixos básicos e
fundamentais: Espiritual, Cultural, Social, Político e Econômico.

Acontece que atualmente estes eixos não se relacionam de forma harmônica
como deveriam. Em vez de seguir o fluxo natural que vai do Espiritual até
o Econômico, sendo o último a máxima concretude do primeiro, constatamos
que o poder econômico domina o político, que por sua vez determina o
social. Este último fragiliza o cultural no qual simplesmente se descarta
os aspectos espirituais (independente das religiões).

Neste contexto, a FTU após um longo processo de pesquisa acadêmica, de
captação dos anseios populares e, principalmente, sensibilização aos
valores vaticinados pelo templo-terreiro em sua grande diversidade de
Escolas, inaugura um processo amplo e profundo de mudanças estruturais que
visa por meio do diálogo conscientizar a sociedade civil da importância de
compreendermos e exercitarmos valores pacíficos, que aproximam as
diferenças pelas semelhanças neutralizando as desigualdades.

Este processo dialógico dar-se-á pela discussão de cada eixo da sociedade
a começar pelo político. Além do desafio do processo eleitoral deste ano
onde escolheremos nossos governadores estaduais, deputados estaduais e
federais, senadores e o próximo presidente da República, todos nós devemos
nos preocupar com o futuro político do nosso país, desde políticas de
bairro até políticas entre comunidades internacionais visando o melhor
para todos os cidadãos planetários.

A proposta de conscientização política dos umbandistas e dos cidadãos
brasileiros será desenvolvida neste documento em três momentos.

1. As Religiões Afro-brasileiras precisam de religiosos com consciência
política e representantes políticos que expressem os anseios da nossa
comunidade: Isonomia e Inclusão Total já!
1.1 Em Noberto Bobbio verificamos como uma sociedade desigual, mantenedora
do status quo cria basicamente 3 dicotomias que são concretizações de
doenças sociais com raízes profundas: Ideologia gerando Sábios e
Ignorantes, Poder Econômico gerando Ricos e Pobres e Poder
Político-coercitivo gerando Fortes e Fracos. Para curar esta chaga
planetária não podemos olvidar as iniciativas emergenciais, mas desde já
são necessárias construções estruturais que afastem de vez a miséria
espiritual e material.
1.2 Para a concretização desta nova realidade social mais justa e
igualitária, apoiamos todos e quaisquer políticos ou candidatos políticos
que desejam representar a nossa comunidade para defender os direitos
humanos e a soberania popular consubstanciados em propostas políticas que
promovam a isonomia, respeitando a diversidade existente em todos os
níveis não tolerando o erro, a desigualdade.
1.3 A FTU não é contra nenhum político umbandista que dignamente luta
pelos interesses coletivos. Muito pelo contrário, sabemos da existência de
lideranças que atuam na política em diversos estados do Sul e no Nordeste,
por exemplo, que dentro do poder legislativo construíram leis e
fiscalizaram a ação do poder executivo, para garantir políticas públicas
que atendam a todas as camadas sociais, afinal os religiosos
Afro-brasileiros estão em todas elas.
1.4 No entanto, a FTU não concorda com o posicionamento de certos
indivíduos que sem nenhuma contribuição significativa para a nossa
comunidade religiosa, sem experiência política alguma, pleiteiam cargos
eletivos querendo fazer da Umbanda e das Religiões Afro-brasileiras uma
massa de manobra. Ou seja, como um meio de chegar ao poder para apenas
atender aos interesses pessoais ou de seu grupo político.
1.5 Desde já ratificamos nossa posição institucional e apartidária de
apoiar todos os candidatos políticos por meio dos mais variados partidos
que apresentem propostas sérias e factíveis para a promoção de igualdade
em todos os aspectos: espiritual, cultural, social, político e econômico.
1.6 Nosso apoio não pode ser a um único candidato, pois do contrário seria
necessário um consenso de todas as Religiões Afro-brasileiras que aquele e
somente aquele candidato seria o nosso representante político nas
distintas esferas políticas. Fato este que até o presente momento nunca
ocorreu.
1.7 Essa posição nada mais é do que aprendemos nos templo-terreiros
espalhados pelo Brasil afora. Diuturnamente recebemos em nossos pejis
irmãos de diversas procedências sociais, econômicas e até mesmo religiosa
e para todos eles o sacerdote, os médiuns e os Ancestrais Ilustres
oferecem uma possibilidade de cura. Por que na política agiríamos
diferente?
1.8 A FTU não quer indicar esse ou aquele candidato político, pois não tem
nenhuma vontade de exercer uma pressão autoritária, para não dizer
totalitarista, à nossa comunidade religiosa. O que efetivamente queremos é
promover um diálogo onde o cidadão faça suas escolhas políticas livremente
e com a consciência politizada. Os próximos itens discutirão como isso é
possível.

2. Projeto acadêmico para disseminar os projetos políticos oferecidos
pelos candidatos aos cargos eletivos
2.1 Os professores da cadeira de Sociologia, Ciências Políticas e Relações
Internacionais da FTU desenvolveram um projeto de participação popular que
terá como consequência direta a construção de um portal na rede mundial de
computadores (internet) onde todos os candidatos políticos, que de alguma
forma estejam relacionados com as Religiões Afro-brasileiras, possam
apresentar sua história e sua plataforma política.
2.2 Este projeto será em âmbito nacional e cada candidato terá uma ficha
com sua descrição e currículo, o que fez dentro do nosso movimento
religioso, nos movimentos sociais e na sociedade civil como um todo, se
está de acordo com os critérios de elegibilidade estabelecidos pelo
projeto de lei Ficha Limpa e qual o seu programa político para beneficiar
não só a nossa comunidade religiosa como todos os cidadãos religiosos e
seculares, dado os motivos esposados no item 1.
2.3 Para o êxito deste projeto contamos com a participação de instituições
sérias e representativas das religiões Afro-brasileiras seja em nível
nacional, estadual ou municipal. Como dito anteriormente, trata-se de um
projeto de participação popular, inclusivo e abrangente.

3. Realização de Debates e Fóruns de conscientização política em âmbito
presencial e telepresencial
3.1 A FTU realizará de maneira permanente debates, fóruns e locutórios com
o corpo docente e discente da FTU, sacerdotes e sacerdotisas do conselho
comunitário da FTU e da comunidade que é mobilizada pela faculdade – um
público oscilante de no mínimo cinco mil pessoas mensalmente.
3.2 Estes encontros dialógicos serão transmitidos ao vivo pela rede
mundial de computadores (internet) e contará com a participação ativa do
público presente e dos internautas por meio de correio eletrônico e redes
sociais.
Acreditamos que as três frentes abordadas neste manifesto são um passo
importante e esclarecedor aos cidadãos brasileiros sobre o posicionamento
político apartidário e universal assumido pela FTU. Acreditamos na
política e nos políticos como meios democráticos de promoção da Isonomia
em todos os níveis: Espiritual, Social, Cultural, Político e Econômico. A
FTU dá a sua parcela de contribuição por meio da Educação, do
Esclarecimento e Conscientização Política para a realização da tão falada
Paz Mundial.

F. Rivas Neto – Pai Rivas (Mestre Arhapiagha)
Reitor da Faculdade de Teologia Umbandista

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