quarta-feira, 30 de março de 2011

Fenômeno La Niña

Roberto Naime

http://www.ecodebate.com.br/2011/03/30/fenomeno-la-nina-artigo-de-roberto-naime/



O fenômeno La Niña corresponde ao resfriamento anômalo da superfície do mar, na região equatorial do centro e leste do oceano Pacífico. Isso eleva a pressão da região, com a geração de ventos alíseos mais intensos. A duração do fenômeno também é de 12 a 18 meses.
Este fenômeno metereológico produz menos danos que o El Niño. Como conseqüência de La Niña, as frentes frias que atingem o sul do Brasil, tem sua passagem acelerada e se tornam mais intensas. Como sofrem menor dissipação no sul e sudeste, muitas vezes atingem a região Nordeste.
Quando isto ocorre, o sertão e o litoral baiano e alagoano são afetados por aumentos das chuvas, o que também ocorre a norte e a leste da região amazônica.
Na região centro sul podem ocorrer estiagens com a queda dos índices pluviométricos entre setembro e fevereiro, com a chegada mais intensa de massas de ar polar, gerando antecipação dos períodos de inverno e grandes quedas de temperatura já no outono.
Num dos últimos episódios de La Niña fortes massas de ar polar atingiram a região sul do país, causando neves nas áreas serranas e fortes geadas já no mês de abril. Neves geralmente ocorrem após o mês de maio e geadas mais ao norte costumam ocorrer só a partir de junho.
Da mesma forma que explicitado no fenômeno El Niño, as águas dos oceanos não são iguais e homogêneas como se pensa. As variações internas de temperatura entre as massas de água produzem verdadeiros rios dentro do mar, pois as variações de temperaturas fazem com que os fluidos mais quentes sofram ascenção em relação aos fluidos mais frios.
Assim como no fenômeno El Niño, responsável por aumentos na temperatura da água de porções do oceano Pacífico equatorial, o fenômeno La Niña, que reduz a temperatura da água em porções do oceano Pacífico equatorial não tem causas completamente conhecidas.
Mas tanto quanto se sabe e é publicado na literatura científica mundial, não sofre influências explícitas de ações humanas como ações de queimadas ou é sub-produto resultante de atividades vinculadas com o aquecimento global.
Isto mostra a complexidade do tema meio-ambiente, que é transdisciplinar (isto é transita por todas as profissões, cada um atuando no meio ambiente na sua área) e multidisciplinar (somente o conhecimento integrado das várias áreas de atividades humanas é capaz de interagir para explicar vários fenômenos e ocorrências).
A humanidade ainda tem um longo caminho a percorrer para entender todos os fenômenos ambientais naturais e todas as interferências que as ações e empreendimentos humanos causam no meio ambiente, para poder mitigar, atenuar ou compensar adequadamente os impactos ambientais causados.
Uma atitude é hegemônica e necessária. Ter a humildade de reconhecer como Sócrates que sabemos pouco ainda sobre o assunto. Sócrates filósofo grego do século V antes de Cristo assevera uma frase notória que bem se encaixa na situação: “só sei que nada sei”.
Nós sabemos um pouco, mas estamos longe de entender holisticamente a complexidade do conjunto de interações entre os meios físico, biológico e antrópico que constitui o meio ambiente e que é tão fundamental para a 
manutenção da qualidade de vida da humanidade.
   
 
Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo 
Hamburgo – RS.

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