quarta-feira, 27 de abril de 2011

Brasil deve colocar a "casa em ordem" para conseguir vaga no Conselho de Segurança, diz Anistia Internacional

Fabíola Ortiz
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro



Salil Shetty 
O Brasil deve colocar a sua “própria casa em ordem” se quiser ser um ator global e conquistar uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirmou nesta terça-feira (26) o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, em seu segundo dia de visita ao Rio de Janeiro.
“Se o Brasil quer  ter um assento no Conselho de Segurança e se tornar um ‘player’ internacional, ele precisa colocar a sua própria casa em ordem, e também ter uma posição muito clara dos direitos humanos”, defendeu o representante da organização que completa, em 2011, 50 anos de atuação.
Salil Shetty afirmou à imprensa que a presidente Dilma Rousseff deixou claro que vai colocar os direitos humanos no topo da agenda, mas, segundo ele, será preciso acompanhar para ver se “haverá ações e não apenas discursos”.
O secretário-geral esteve reunido hoje com representantes da Pastoral das Favelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro, além de defensores públicos e moradores de comunidades pobres que relataram casos de despejo ou de demolição de suas moradias sem o devido aviso prévio para  construção de grandes obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
“Vamos dar apoio a comunidades que sofrem violações. Vamos encontrar as autoridades brasileiras para tratar deste assunto. O Brasil tem boas legislações e políticas, mas o grande problema é a implementação que continua sendo um ponto fraco”, ressaltou Salil Shetty após ouvir duas horas de uma exposição por parte de representantes de associações de moradores de favelas que estão na rota da construção de vias expressas, como a Transcarioca e a Transoeste, que vão cruzar a cidade.
O representante da organização afirmou que pretende pressionar as autoridades para viabilizar alternativas que não sejam apenas transferir as famílias para bairros distantes, a mais de 60 quilômetros de onde vivem.
“A Anistia Internacional vê que existe uma questão da polarização entre direitos humanos e desenvolvimento econômico. Infelizmente, há um discurso no Brasil nesse sentido que temos que escolher entre direitos humanos ou Copa do Mundo e Jogos Olímpicos”, criticou Salil.
Para o secretário-geral, ainda há tempo até os eventos, mas este é “um alerta de que estão havendo problemas e temos que fazer alguma coisa”.
Salil Shetty segue hoje para Brasília, onde deve se reunir com grupos indígenas e com o ministro da Justiça, Luiz Eduardo Cardozo. O representante deve se encontrar com a presidente Dilma Rousseff provavelmente nesta quinta-feira (28) durante o Fórum Econômico Mundial da América Latina, que ocorre no Rio de Janeiro.

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